Grupo: Patrick Wolf
Título: Wind In The Wires
Ano: 2005
Editora: TomLab
Formato: CD
Obs: Distribuído por Flur
«Wind In The Wires» é o supreendente 2º álbum
do britânico Patrick Wolf! Porque é um disco entusiasmante;
porque resulta da criação de um artista com apenas 21 anos mas
que apresenta uma maturidade acima da média; porque sucede a um disco
em que a variedade de estilos e a cacofonia unificadora não deixavam
antever tão brilhante 2º capítulo numa carreira que, agora,
promete.
William Bowers, da revista Pitchfork, refere-se à
música de Patrick Wolf como sendo lap-pop de câmara.
É uma excelente imagem para ajudar a compreendê-la. Isto porque
nos seus traços definidores estão inquestionavelmente esses três
elementos: a pop, enquanto espaço livre de estruturação
melódica e lírica, e de expressão popular; o laptop, enquanto
instrumento primordial de processamento sonoro, capaz de agregar sonoridades
acústicas (na sua origem) com outras menos orgânicas; e uma certa
erudição, eventualmente virtual ou emulada, de quem embrulha cuidadosa
e elegantemente as suas canções em papel sedoso e distintivo.
Ao mesmo tempo «Wind In The Wires» é irreverente.
Porque não se conforma com a simples formatação de um género
estabelecido, antes impondo-lhe novas fronteiras; porque sabe afirmar a sua
própria diferença, matizada em esgares fugidios de ruído
e distorção digitais, não como descargas desconexas mas
como reflexo da descoberta de novas realidades que os tenros anos possibilitam;
e ainda porque revela uma honestidade real e artística, no sentido em
que sublinha a sua busca particular de arquitecturas sonoras personalizadas,
principalmente nos temas de curta duração que surgem dispersos
ao longo de todo o disco.
Apraz-nos pensar em «Wind In The Wires» como o embalo
definitivo de Patrick Wolf para a notoriedade no universo pop.
Mesmo que o futuro acabe por negá-lo como talento-maior - um risco sempre
presente quando se entra precocemente no circuito, e maior ainda quando se joga
o ornamento da canção como mais alto trunfo - este é um
disco afirmativo e capaz de sobreviver às rugas do tempo.
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