Grupo: Callstore
Título: Save No One
Ano: 2015
Editora: Talitres
Formato: CD
Sabe-se muito pouco acerca do único
músico por
detrás da estreia discográfica dos Callstore, que
tem a Londres dos últimos quinze anos como
cenário criativo. E, se calhar, ainda bem! Pois desse modo
é a sua música que se impõe sem
qualquer outro factor de distração, levando-nos
à concentração total no excelente
conjunto de canções que nos são
propostas em «Save
No One».
Desde o primeiro acorde que se percebe que a música
dos
Callstore
é intensa, íntima e perpassada por uma
belíssima melancolia. Mais ainda quando, ultrapassado o
embalo elegíaco da introdução
instrumental, é a voz grave de Simon Bertrand que
nos
recebe, com um sotaque que denuncia a sua origem francesa, e passa a
conduzir-nos pelos labirintos escuros deste disco. Esse é o
elemento principal dos espaços musicais aqui
construídos, porque o registo adoptado, entre o spoken-word
e o crooning
alimentado a tabaco e whiskey,
conferem a cada
canção uma ambiência grave,
confessional, ajudada pelas fundações lo-fi das
sonoridades das guitarras, mesmo quando os amplificadores
são desligados para dar lugar ao ressoar das cordas na caixa
de madeira.
Mas a estética sombria de
«Save No One»
serve-se ainda de elementos que amenizam a atmosfera negra
que a voz
edifica, através da utilização sublime
de sons de violino, piano ou teclados, mas também dos
ritmos, todos eles programados na playstation
de Bertrand.
Assim, nesta
mistura nocturna de rock,
pop, folk e lo-fi, o bom-gosto
impera do
princípio ao fim, fazendo deste um disco
memorável, de canções simples mas
infecciosas, capazes de provocar contágio quase-imediato a
aquem elas for exposto.
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